Le Lac

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Neuchâtel-Suiça (foto de LàlaLenzi, fev. 2009)

sábado, 18 de dezembro de 2010

O desenvolvimento humano



O desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento da Psicologia que tem como objetivo central a busca por compreender o homem em todos os seus aspectos, desde os períodos iniciais de vida, ou seja, desde o nascimento, até o momento de maturidade. Existem muitas teorias que tratam do tema e conforme as diferentes metodologias e pontos de vista,  vamos encontrar diversos entendimentos acerca do que seja o desenvolvimento, pois há uma diversidade de condições de produção da representação do mundo e de vinculações com conceitos de mundo e homem dominantes em cada momento histórico da sociedade.
O estudo sobre a infância é relativamente recente na História da humanidade. Até próximo do século XX, as crianças eram vistas como miniaturas de adulto. Eram cuidadas quando muito novas e a partir dos 3 ou 4 anos passavam a participar e a realizar as mesmas atividades dos adultos, fossem estas, violentas ou não. A partir do século 17, a Igreja defende que a criança deve ser preservada e afirma que a vivência com adultos em quaisquer atividades pode causar efeitos danosos a sua formação moral e de caráter. Foi uma atitude importante, pois começa a mostrar as diferenças entre adultos e crianças.[1]
Em um concurso internacional de beleza para crianças, Natália Stangherlin[2], 5 anos, é a “pequena miss sunshine brasileira”, 2008.  Só saía de casa maquiada, tinha uma grande coleção de vestidos de festa e freqüentava o cabeleireiro desde os dois anos. Na época atual, em algumas famílias, esta situação não é diferente, então, daquela do passado em que "adultizava-se a criança". As razões e motivos, são outros agora. Mas as consequencias podem ser muito semelhantes e quem sabe, mais devastadoras.
Poderíamos supor que a criança é um objeto da mãe, uma projeção de seus desejos, pois a mãe da pequena Natalia diz que ela é: sua “Barbie em tamanho grande”[3] e que concretiza na filha os próprios sonhos de ser miss. São adultos que fazem  suas próprias projeções estéticas em seus filhos. E elas passam a se parecer, pequenos adultos. É fato que toda criança quer ser como um adulto – e as brincadeiras de “faz de conta” que envolvem elementos do mundo adulto comprovam isso. Porém, isso não significa que devamos sucumbir aos desejos infantis (ou ver nesses desejos genuinamente infantis uma brecha para concretizar nossos próprios desejos) e transformá-las em “adultos em miniatura”. Cabe aos pais impor limites aos seus filhos para garantir que eles não pulem as etapas de desenvolvimento e possam crescer de maneira saudável. Se permitirmos/quisermos que as crianças se assemelhem a adultos, é claro que as aparências acabarão sendo somente,  o lado mais visível dessa semelhança , mas elas agirão também conforme adultos (porém sem possuir sua capacidade de ponderação)e poderão estar “impedidas”de exercer sua infância através do puro ato de brincar.



[1] In: LENZI N, Lala. Psicologia e Educação. Ijuí : Ed. Unijuí, 2009. – 110 p. – (Coleção educação a distância. Série livro-texto)., p. 21.
[2] www.tudoagora.com.br/.../Mini-Miss-Mundo-Natalia-do-Amaral-Stangherlin-de-5-anos-vira-celebridade-no-RS.html
[3] afugadeideias.blogspot.com/.../adultos-em-miniatura.html