Le Lac

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Neuchâtel-Suiça (foto de LàlaLenzi, fev. 2009)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Os contos de fadas e o brincar: abordagem breve

Os contos de fadas operam como representações psíquicas no inconsciente. Pela fantasia a criança elabora simbolicamente seus desejos e conflitos, como pode ser percebido através da análise dos contos de fadas. Funcionam como “válvula de escape” para as aflições da criança e permitem que elas vivenciem seus problemas psicológicos de modo simbólico.
Na análise de contos como: Branca de Neve e Patinho feio, encontramos alguns significantes  importantes  acerca da elaboração dos conflitos infantis.
Em “Branca de Neve” encontramos a relação mãe-filha e a identificação da menina com sua mãe durante o conflito edípico. Trata-se da problemática da construção feminina.
No “Patinho Feio”, é um conto que expõe o sentimento de rejeição, o desamparo infantil que a criança passa para se estruturar como sujeito, bem como aponta a importância do amor materno na constituição de um lugar simbólico e ainda aborda o modo como as sensações de exílio e estranhamento[1].
Os contos de fadas e  o ato brincar oportunizam à criança a realização de seus desejos e fantasias, colaborando com isso, para o bom desenvolvimento infantil. O brincar para uma criança vem a preencher suas necessidades, sejam estas reais, simbólicas, cognitivas ou apenas imaginárias. O brincar permite que simbolize suas questões e lhe dá seu lugar no mundo[2].
Pessoas marcadas: 
Quando pensamos na infância, sempre a associamos ao brincar. A brincadeira é uma forma primordial, através da qual a criança se estrutura e se desenvolve. Na psicoterapia, ela se expressa através do brincar. Brincando ela aprende.[3]


[1] n: GAMARRA, Fabiane B. (or.LENZI. lc) Encontros e Desencontros na Vida de uma Criança: A importância dos contos de fadas. TCC, C. de Psicologia, UNIJUI, 2009. (não publicado)
[2] In: MIRON, Taciana Hass (or.LENZI lc).O brincar como uma forma de dizer. TCC. Curso de Psicologia. UNIJUI. 1999. (não publicado)
[3] In: BERGOLI, Fernanda Corsetti. (or. LENZI, lc) A brincadeira e seu uso educativo. TCC. Curso de Psicologia. UNIJUI. 1999. (não publicado)

Para saber mais:


ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1995
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 1995.
CORSO, D ; CORSO, M. Fadas no Divã: Psicanálise nas Histórias Infantis. Porto Alegre: Artmed, 2006.
HEINKEL, Dagma. O brincar e a aprendizagem na infância. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2000.
LEVIN, E. A infância em cena: constituição do sujeito e desenvolvimento psicomotor. Petrópolis: Vozes, 1997.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação Rio de Janeiro: Zahar, 1975. 
VON FRANZ, M. L. A interpretação dos contos de fadas. São Paulo: Paulinas, 1990.

A familia e a constituição de vínculos.

A família da contemporaneidade constrói sua própria história, inventa e reinventa modelos; descartando algo do velho, mantendo parte dele e inventando uma nova forma. Estes re-arranjos podem também ser constatados através dos séculos, nas histórias da sociedade e nos modelos familiares adotados. Essas reinvenções são pela conservação de algo da tradição e outras de apropriação da atualidade, incluindo as transformações e exigências do contexto social. Tudo está associado a algum modelo, na maneira pela qual foi constituída a estrutura do grupo familiar, bem como o contexto social no qual a família está inserida[1].
Indivíduo, família e sociedade constituem a tríade do desenvolvimento do sujeito. A vida inicia com os cuidados maternos e incluindo o pai, se institui apoio e proteção. Desse modo, a família, vincularmente, constitui o sujeito, efetua o prolongamento da sua vida em sociedade, onde ele precisa se integrar e bem viver com outros sujeitos, preferencialmente também em vínculos solidamente integrados.[2]



[1] In: ROTTA, Marli Kronbauer. (or. LENZI lc) . A familia: hist'oria, " lugar" de forma'cao de vinculo e a constitui'cao subjetiva. TCC. Curso de Psicologia, UNIJUI. 2010. (Não-publicado)
[2] In: op. cit. 

Para saber mais:
ARIÉS, Philippe. História Social da criança e da família. Tradução de Dora Flaksman. 2. Rio de Janeiro, LTC, 1981.  
____.; DUBY, George. Coleção História da Vida Privada. v. 3, 4, 5. São Paulo, Schwarcz, 2009.
BOWLBY, John. Apego – A Natureza do Vínculo. v. 1. São Paulo, Martins Fontes, 2002.
--------------------. Formação e Rompimento dos Laços Afetivos. São Paulo, Martins Fontes, 1997.
CASEY, James. A história da família. Tradução de Sérgio Bath. São Paulo, Ática, 1992 
SZYMANSKI, Heloísa. Viver em família como experiência de cuidado mútuo: desafios de um mundo em mudança. Revista Serviço Social & Sociedade. XXIII. n. 71. Especial. São Paulo, Cortez, 2002.
WINNICOTT, D. W. A Família e o Desenvolvimento Individual. 3. São Paulo, Martins Fontes, 2005.

O desenvolvimento humano



O desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento da Psicologia que tem como objetivo central a busca por compreender o homem em todos os seus aspectos, desde os períodos iniciais de vida, ou seja, desde o nascimento, até o momento de maturidade. Existem muitas teorias que tratam do tema e conforme as diferentes metodologias e pontos de vista,  vamos encontrar diversos entendimentos acerca do que seja o desenvolvimento, pois há uma diversidade de condições de produção da representação do mundo e de vinculações com conceitos de mundo e homem dominantes em cada momento histórico da sociedade.
O estudo sobre a infância é relativamente recente na História da humanidade. Até próximo do século XX, as crianças eram vistas como miniaturas de adulto. Eram cuidadas quando muito novas e a partir dos 3 ou 4 anos passavam a participar e a realizar as mesmas atividades dos adultos, fossem estas, violentas ou não. A partir do século 17, a Igreja defende que a criança deve ser preservada e afirma que a vivência com adultos em quaisquer atividades pode causar efeitos danosos a sua formação moral e de caráter. Foi uma atitude importante, pois começa a mostrar as diferenças entre adultos e crianças.[1]
Em um concurso internacional de beleza para crianças, Natália Stangherlin[2], 5 anos, é a “pequena miss sunshine brasileira”, 2008.  Só saía de casa maquiada, tinha uma grande coleção de vestidos de festa e freqüentava o cabeleireiro desde os dois anos. Na época atual, em algumas famílias, esta situação não é diferente, então, daquela do passado em que "adultizava-se a criança". As razões e motivos, são outros agora. Mas as consequencias podem ser muito semelhantes e quem sabe, mais devastadoras.
Poderíamos supor que a criança é um objeto da mãe, uma projeção de seus desejos, pois a mãe da pequena Natalia diz que ela é: sua “Barbie em tamanho grande”[3] e que concretiza na filha os próprios sonhos de ser miss. São adultos que fazem  suas próprias projeções estéticas em seus filhos. E elas passam a se parecer, pequenos adultos. É fato que toda criança quer ser como um adulto – e as brincadeiras de “faz de conta” que envolvem elementos do mundo adulto comprovam isso. Porém, isso não significa que devamos sucumbir aos desejos infantis (ou ver nesses desejos genuinamente infantis uma brecha para concretizar nossos próprios desejos) e transformá-las em “adultos em miniatura”. Cabe aos pais impor limites aos seus filhos para garantir que eles não pulem as etapas de desenvolvimento e possam crescer de maneira saudável. Se permitirmos/quisermos que as crianças se assemelhem a adultos, é claro que as aparências acabarão sendo somente,  o lado mais visível dessa semelhança , mas elas agirão também conforme adultos (porém sem possuir sua capacidade de ponderação)e poderão estar “impedidas”de exercer sua infância através do puro ato de brincar.



[1] In: LENZI N, Lala. Psicologia e Educação. Ijuí : Ed. Unijuí, 2009. – 110 p. – (Coleção educação a distância. Série livro-texto)., p. 21.
[2] www.tudoagora.com.br/.../Mini-Miss-Mundo-Natalia-do-Amaral-Stangherlin-de-5-anos-vira-celebridade-no-RS.html
[3] afugadeideias.blogspot.com/.../adultos-em-miniatura.html

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Ensinar" é descrito por Alves como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. É como a vida de um palhaço que entra no picadeiro todos os dias com a missão renovada de divertir. Ensinar é fazer aquele momento único e especial. ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias. Mostrando que esta, na verdade é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Agindo como um mago e não como um mágico. Não como alguém que ilude e sim como quem acredita e faz crer, que deve fazer acontecer.

Texto em: ALVES. Rubem. O velho que acordou menino. SP. Editora Planeta.
Após ter lecionado em universidades, hoje tem um restaurante (a culinária é uma de suas paixões e tema de alguns de seus textos), vive em Campinas, onde mantém um grupo, chamado Canoeiros, que encontra-se semanalmente para leitura de poesias. Sua mensagem é direta e, por vezes, romântica, explorando a essência do homem e a alma do ser. É algo como um contraponto à visão atual de homo globalizadus que busca satisfazer desejos, muitas vezes além de suas reais necessidades.
Rubem Alves (Boa Esperança, 15 de setembro de 1933) é um psicanalista, "delicioso" educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis. Bacharel e Mestre em Teologia, Doutor em Filosofia (Ph.D.) pelo Seminário Teológico de Princeton (EUA) e psicanalista. Lecionou no Instituto Presbiteriano Gammon, na cidade de Lavras, Minas Gerais, no Seminário Presbiteriano de Campinas, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro e na UNICAMP, onde recebeu o título de Professor Emérito. Tem um grande número de publicações, tais como crônicas, ensaios e contos, além de ser ele mesmo o tema de diversas teses, dissertações e monografias. Muitos de seus livros foram publicados em outros idiomas, como inglês, francês, italiano, espanhol, alemão e romeno.

Dificuldades de aprendizagem: (hiperatividade): refletindo sobre.



A hiperatividade é uma das características das crianças de nossos dias e, muitas vezes, tem sido apontada como motivo para a falta de atenção na escola, o que pode resultar em dificuldades de aprendizagem, situação que muito tem preocupado pais e professores.  Ela tem muitas causas, que precisam ser identificadas para se estabelecer uma relação com eventuais problemas de falta de atenção na escola.
Há um alto percentual de alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, situação que tem sido trabalhada pela escola com o encaminhamento destas crianças a uma avaliação psicopedagógica que embase o posicionamento desta Instituição  frente à criança e a família.
A hiperatividade e os problemas de aprendizagem são situações que sempre aparecem juntas. Muitas crianças são tão ativas que não conseguem ficar sentadas em sala de aula  e isto gera a queixa da falta de atenção. As crianças de hoje, da era da informática, passam muito tempo em frente a um computador ou  televisão e podem encontrar na escola o ambiente para extravasar suas necessidades de movimento.
Entendo que a dinâmica de um trabalho para investigar a existência real de hiperatividade e déficit de atenção,  passa inicialmente pela avaliação  do desenvolvimento cognitivo das crianças . Nesse sentido, é importante acompanhar o raciocínio das crianças e a forma como elas resolvem os desafios que lhes são propostos. O caminho é a busca de saber como o pensamento e raciocínio da criança atuam, levando-a a construir o conhecimento, ao invés de classificá-la em determinado padrão de inteligência.
Numa continuidade desse processo, fundamental é   identificar o domínio que a criança tem em relação ao conteúdo trabalhado na escola, avaliando se o seu  raciocínio permite que ela compreenda os conteúdos escolares, na forma como são propostos. Só então será possível orientar tanto os professores quanto a família , sobre a melhor forma de trabalhar a questão da falta de atenção e problemas de aprendizagem  na escola. Este é um dos elementos fundamentais na reflexão que cada vez mais se faz necessária em torno da questão dos problemas de aprendizagem.

Para saber mais:

- BENCZIK, E.B.P. Transtorno de DA/Hiperatividade: atualiza'c~ao diagn'ostica e terapeutica: caracter'isticas, avalia'c~ao, diagnostico e tratamento: um guia de orienta'c~ao para profissionais. S.Paulo, Casa do Psic'ologo, 2000.
- GOLDSTEIN, S. & GOLDSTEIN,  M. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. 2ª ed. Papirus. São Paulo, 1996. 
- LEWIS, M.; WOLKMAR, F. Aspectos clínicos do desenvolvimento na infância e adolescência. Artes Médicas. Porto Alegre, 1990. 
- PATTO, M.H. A produção do fracasso escolar: história de submissão e rebeldia. Queiroz LTDA. São Paulo, 1991.
- Vídeo youtube:  http://www.youtube.com/watch?v=RK4gDnuaYUg


 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Criação

Hoje, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010, inicio este blog. Agora é 23.49.
Neste espaço, tenho o objetivo de postar textos e imagens relativos ao meu fazer pedagógico e refletir acerca da Educação, hoje!