Le Lac

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Neuchâtel-Suiça (foto de LàlaLenzi, fev. 2009)

quinta-feira, 1 de março de 2012

À guisa de introdução: Epistemologia Genética e a constituição do conhecimento.



O conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas caracterís-ticas preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária dessas estruturas.
(PIAGET, 1990, p. 1).

            Jean Piaget contribuiu, com toda a certeza, para a História das Ciências, com o seu estudo e uma investigação constante acerca do desenvolvimento cognitivo, o que levou à constituição de todo um conjunto de conceitos. Nesse processo ele estabelece um processo crítico-analítico-construtivo sobre a questão do conhecimento. Ocorrem, ao longo dos anos modificações no próprio movimento de ação e reflexão para a elaboração dos conhecimentos que articula e vai trazendo a público, em inúmeras obras, ao longo de mais de 60 anos. Encontramos em torno de 350 títulos publicados por Piaget, muitos deles em co-autoria. Uma das primeiras publicações que registramos é Recherche, de 1918.[1] Suas últimas obras foram editadas após sua morte e destas citamos em destaque a publicação com o título original de Psychogenèse et Histoire des Sciences, de 1983.
            O conjunto de suas obras permite que seu leitor perceba um processo de busca por respostas às muitas questões sobre o conhecimento, atividade que realizava incansavelmente. Piaget era possuidor de uma característica essencial aos “verdadeiros” epistemólogos, sempre à procura de novos problemas: “a sua extraordinária capacidade de redefinir novas perguntas” (MARTÍ, 1997, p. 17).
Entendo que a obra de Piaget possibilita a quem a lê a oportunidade para muitas indagações. Creio também que seu espírito questionador pode ter “contaminado” muitas pessoas que vêem ainda hoje,  novas possibilidades de debate a partir do que ele escreveu. Aquilo que me indaga e me leva a pesquisar, dá-se na direção de que existe um espírito de abertura para novas indagações; o que pode funcionar como um incentivo à busca pelo estudo da Epistemologia Genética, bem como para “novas” leituras que venham a contribuir mais intensamente, especialmente nas áreas da Psicologia e da Educação, descobrindo sempre “novidades” que podem gerar novas indagações e motivos para constantes pesquisas. 
(continua...)


[1] Houve publicações de outros títulos em anos anteriores.

Referências bibliográficas:
(na ordem das citações)

PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
MARTÍ, Eduardo. A atualidade de Jean Piaget. In: Cem anos com Piaget. Substratum. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.