É com prazer que leio Bauman e com ele aprendo. Eu o conheci em 2000, em ‘Modernidade e Ambivalência’, quando desenvolvia um projeto para estudar o desenvolvimento da moralidade [Jean Piaget, na ótica epistemológica e psicológica]. Dentre outros autores, Bauman me foi apresentado e eu o ‘bebi’ todinho naquela ocasião. Neste ano, eu o encontro novamente, em Vida (e) Amor Liquido.
Acabei me espalhando por outras ‘águas’. Lembrei de Marshall Berman [Tudo que é sólido se desmancha no ar] Ambos me parecem tão complementares e fundamentais para a compreensão do mundo, das dores e angústias do viver na contemporaneidade. Também, outro Marshall [o Mc Luhan] em seu “aldeia global". Quando o li pela primeira vez, no início da faculdade, queria que fosse ficção; claro, não era, e estamos hoje - ‘plenamente’ globalizados, com os benefícios (muitos) e as vicissitudes (todas) desse processo.
Achei também Marca d’água , de Brodsky , onde ele conta seu modo de ‘ver’ Veneza. A Veneza, linda e instigante; suas águas, canais, ruelas misteriosas, casas que guardam segredos, janelas ‘mágicas’, cantos e becos... e tanto a descobrir, desvendar; descobrir desse mundo humano, desse 'novo' homem que parece estar sob a 'ditadura da felicidade' (...) para o qual tudo parece valer e ao mesmo tempo os significantes que diriam da subjetividade, estão cada vez mais pastosos, naturalizados, misturados, embrulhados e confusos; se liquidificando...
As pessoas parecem atordoadas, buscas são meras buscas, procuras de que, para que? Será que sabemos? Ou fazemos como aquele que busca e busca e não encontra, nunca encontra e continua, cegamente, a procurar infinitamente, um rumo. Esse 'novo homem'? Seu modo de conhecer, relacionar-se, viver?
Uma hipótese: as novas doenças psíquicas; síndromes ainda não plenamente caracterizadas, dentre as quais, a síndrome do pânico, o déficit de atenção, hiperatividade e a depressão, [ parecem ser ] manifestação sintomática desse medo inconsciente de si, projetado 'no fora' .
Coisas [não coisas quaisquer] que nos levam à reflexão. Temos muito a pensar e a perguntar: Afinal para onde estamos indo? (estamos?) Sem certezas, nem mesmo garantias [de-vir-a-saber], mas indagando sempre e sempre sabendo "que nada sabemos". O bom disso é que a vida continua 'viva' !! E temos tanto a descobrir, curiosos que somos!
Referencias bibliograficas:
- BAUMAN, Z. Modernidade e Ambivalencia.Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed 1999.
___________ Amor Liquido: Sobre a fragilidade dos lacos humanos.Rio de Janeiro, Zahar. 2004
___________ Vida Liquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. 2009.
- BRODSKY, J. Marca d' agua. Sao Paulo, Cosac Naify. 2006.
- MCLUHAN, M.Guerra e Paz na Aldeia Global. Ed Record. 1971
- BERMAN. M. Tudo que e solido, se desmancha no ar.Sao Paulo.Cia das Letras.