Le Lac

Le Lac
Neuchâtel-Suiça (foto de LàlaLenzi, fev. 2009)

terça-feira, 26 de junho de 2012

De iniciativas como essa, tão bonitas, a infância necessita. Pensar a infância, pela via de seus significados e necessidades de desenvolvimento, permite que conheçamos melhor e respeitemos cada vez mais. Isso é indiscutível!! É de direito... e ponto.

quinta-feira, 1 de março de 2012

À guisa de introdução: Epistemologia Genética e a constituição do conhecimento.



O conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas caracterís-ticas preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária dessas estruturas.
(PIAGET, 1990, p. 1).

            Jean Piaget contribuiu, com toda a certeza, para a História das Ciências, com o seu estudo e uma investigação constante acerca do desenvolvimento cognitivo, o que levou à constituição de todo um conjunto de conceitos. Nesse processo ele estabelece um processo crítico-analítico-construtivo sobre a questão do conhecimento. Ocorrem, ao longo dos anos modificações no próprio movimento de ação e reflexão para a elaboração dos conhecimentos que articula e vai trazendo a público, em inúmeras obras, ao longo de mais de 60 anos. Encontramos em torno de 350 títulos publicados por Piaget, muitos deles em co-autoria. Uma das primeiras publicações que registramos é Recherche, de 1918.[1] Suas últimas obras foram editadas após sua morte e destas citamos em destaque a publicação com o título original de Psychogenèse et Histoire des Sciences, de 1983.
            O conjunto de suas obras permite que seu leitor perceba um processo de busca por respostas às muitas questões sobre o conhecimento, atividade que realizava incansavelmente. Piaget era possuidor de uma característica essencial aos “verdadeiros” epistemólogos, sempre à procura de novos problemas: “a sua extraordinária capacidade de redefinir novas perguntas” (MARTÍ, 1997, p. 17).
Entendo que a obra de Piaget possibilita a quem a lê a oportunidade para muitas indagações. Creio também que seu espírito questionador pode ter “contaminado” muitas pessoas que vêem ainda hoje,  novas possibilidades de debate a partir do que ele escreveu. Aquilo que me indaga e me leva a pesquisar, dá-se na direção de que existe um espírito de abertura para novas indagações; o que pode funcionar como um incentivo à busca pelo estudo da Epistemologia Genética, bem como para “novas” leituras que venham a contribuir mais intensamente, especialmente nas áreas da Psicologia e da Educação, descobrindo sempre “novidades” que podem gerar novas indagações e motivos para constantes pesquisas. 
(continua...)


[1] Houve publicações de outros títulos em anos anteriores.

Referências bibliográficas:
(na ordem das citações)

PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
MARTÍ, Eduardo. A atualidade de Jean Piaget. In: Cem anos com Piaget. Substratum. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

De um mundo 'novo': uma pequena reflexão

É com  prazer  que leio Bauman  e com ele aprendo.  Eu o conheci em 2000, em  ‘Modernidade e Ambivalência’, quando desenvolvia  um projeto para estudar  o desenvolvimento da moralidade [Jean Piaget, na  ótica epistemológica e psicológica].  Dentre outros autores, Bauman me  foi apresentado e eu o ‘bebi’ todinho naquela ocasião. Neste ano, eu o encontro novamente, em Vida (e) Amor Liquido.  
 Acabei me espalhando por outras  ‘águas’. Lembrei de Marshall Berman  [Tudo que é sólido se desmancha no ar] Ambos me parecem  tão complementares e fundamentais para a compreensão  do  mundo, das dores e  angústias do viver na contemporaneidade.  Também, outro Marshall [o Mc Luhan] em seu “aldeia global". Quando o li pela primeira vez, no início da faculdade,  queria que fosse ficção;  claro, não era, e  estamos hoje -  ‘plenamente’ globalizados, com os benefícios (muitos)  e as vicissitudes (todas) desse processo. 
Achei também  Marca d’água , de Brodsky , onde ele conta seu modo de ‘ver’ Veneza. A Veneza, linda e instigante; suas águas, canais, ruelas misteriosas, casas  que guardam segredos, janelas ‘mágicas’, cantos e becos... e tanto a descobrir, desvendar;  descobrir desse mundo humano, desse 'novo' homem que parece estar sob a 'ditadura da felicidade' (...) para o qual tudo parece valer e ao mesmo tempo  os significantes que diriam da subjetividade, estão  cada vez mais pastosos, naturalizados, misturados, embrulhados e confusos;  se liquidificando... 
 As pessoas parecem atordoadas, buscas são meras buscas, procuras de que, para que? Será que sabemos? Ou fazemos como aquele que busca e busca e não encontra, nunca encontra e continua, cegamente,   a procurar infinitamente,   um rumo. Esse 'novo homem'? Seu modo de conhecer, relacionar-se, viver? 
Uma hipótese:  as novas doenças  psíquicas;  síndromes ainda não plenamente caracterizadas, dentre as quais, a síndrome do pânico,  o déficit de atenção, hiperatividade e a depressão, [ parecem ser ] manifestação sintomática desse medo inconsciente de si, projetado 'no fora' .
Coisas [não coisas quaisquer]  que nos levam à reflexão. Temos muito a pensar e a perguntar: Afinal para onde estamos indo? (estamos?) Sem certezas, nem mesmo garantias  [de-vir-a-saber], mas indagando sempre e sempre sabendo  "que nada sabemos". O bom disso é que a vida continua 'viva' !! E temos tanto a descobrir, curiosos que somos!

Referencias bibliograficas:

- BAUMAN, Z. Modernidade e Ambivalencia.Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed 1999.
___________ Amor Liquido: Sobre a fragilidade dos lacos humanos.Rio de Janeiro, Zahar. 2004
___________ Vida Liquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. 2009.
- BRODSKY, J. Marca d' agua. Sao Paulo, Cosac Naify. 2006.
- MCLUHAN, M.Guerra e Paz na Aldeia Global. Ed Record. 1971
- BERMAN. M. Tudo que e solido, se desmancha no ar.Sao Paulo.Cia das Letras.

As diferenças entre sujeitos: uma questão em permanente discussão.

Fragmentos de Trabalho de Conclusão de Curso:


Introdução

[[ Historicamente houve muita segregação, associação das pessoas deficientes a vergonha e perigo, elas foram escondidas, isoladas e trancafiadas.  Por vezes, resquícios desta época estão presentes no preconceito e na falta de conhecimento daqueles que encontram dificuldades em incluir. É de conhecimento público a postura tomada diante da não correspondência ao ideal proposto pelas sociedades, práticas de exclusão e condenação. A prática do infanticídio foi utilizada, e os que não foram condenados a este fim, iam sendo paulatinamente (em alguns casos, sumariamente) afastados, escondidos ou abandonados à própria sorte. 

Breve histórico
Em Esparta as aptidões físicas para ser um guerreiro eram condição de reconhecimento e aqueles que não as possuíam eram eliminados.  Em Roma crianças “deformadas” eram descartadas nos esgotos. Na antiguidade a sociedade se estruturava a partir da agricultura, pecuária e artesanato, existiam os senhores e do outro lado servos e escravos, estes últimos nas palavras de Aranha (2001, P.2) considerados subumanos, dependentes economicamente. Assim como situa o autor, a vida só tinha valor à medida que era ligada a nobreza, os que não possuíam tal título valiam à medida que produziam para os nobres. Como para o restante do povo, a vida dos deficientes não representava uma perda  significativa, abandoná-los ou eliminá-los não consistia em uma questão ética para tal organização social.  
 
Na Grécia antiga berço da civilização ocidental existia a idealização da república, Platão escreve sobre as ocupações da medicina e da jurisprudência: “cuidarão apenas dos cidadãos bem formados de corpo e alma, deixando morrer os que forem corporalmente defeituosos [...] é o melhor tanto para esses desgraçados como para a cidade em que vivem” (Platão apud AMARAL, 1995, p. 44).
O infanticídio consistia já uma prática,  no início da Era Cristã (4-65 d.C.). Sobre isso, Sêneca, assim se manifesta:  “Nós sufocamos os pequenos monstros; nós afogamos até mesmo as crianças quando nascem defeituosas e anormais: não é a cólera e sim a razão que nos convida a separar os elementos sãos dos indivíduos nocivos” (Sêneca apud AMARAL, 1995, p. 46) ]]

 LIMA, Juliana Nascimento, LENZI, Lala C. (orientação) A escola, a diferença e o sujeito: tessituras da inclusão. Ijui, UNIJUI, Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia, 2012.


Para saber mais:  
AMARAL, L. A. Conhecendo a Deficiência (em companhia de Hércules). Robe: São Paulo, 1995.

KUPFER, M. C. Duas Notas Sobre a Inclusão Escolar. In: Escritos da Criança. Centro Lydia Coriat: Porto Alegre, 2001, n° 6.

LACAN, J. O Estádio do Espelho como Formador do Eu (1949). In: Escritos. RJ: ZAHAR, 1998.

MEIRA, A. M. G. Contribuições da Psicanálise para a Educação Inclusiva. In: Escritos da Criança. Centro Lydia Coriat: Porto Alegre, 2001, n° 6.

MILMANN, E. Sociedade Inclusiva e Globalização: Alguns paradoxos na Educação.  In: Escritos da Criança. Centro Lydia Coriat: Porto Alegre, 2001, n° 6.